Na beira da estrada, meio do sertão, entre as cidades pernambucanas de Ibimirim e Floresta, numa parada que fizemos para um café. Vimos este homem da foto, saindo do meio da caatinga, numa bicicleta caindo aos pedaços. Ele havia pedalado sessenta quilômetros, por estradas de areia e pedra - próprias daquela região - Vindo de outra cidade que, como se por ironia do destino se chama Betânia, que no hebraico quer dizer "lar dos pobres". Francisco era o nome daquele senhor e naquele momento ele chegava ao asfalto, ali onde nós estávamos, visivelmente cansado e tinha mais setenta e oito quilômetros pela frente, que faria numa daquelas camionetes que transportam pessoas pelo sertão.
- Um cafezinho?
Perguntei de maneira amistosa, ao recém chegado, querendo quebrar o gelo, estendendo o copo de café e o pão com queijo que eu tinha nas mãos.
- Não, Obrigado!
Respondeu vacilante e com o olho cumprido para aquela refeição que tomávamos. A sua expressão nos dizia claramente: "Por favor, insista!"
Entendi sua hesitação e insisti:
- Que é isso homem? Venha comer com a gente!
A fome falou mais alto do que a vergonha, aquele cidadão de meia idade e de pele enegrecida pelo causticante sol sertanejo, se agachou e começou a comer.
Vimos então, que ele estava com muita fome e por uma razão bem simples, porém quase trágica - ele não havia comido nada naquele dia - isso mesmo, sessenta quilômetros de bicicleta, no meio da caatinga, sem nada na barriga. Ele deglutia cada pedaço do sanduíche de queijo de manteiga com certa ansiedade, como se fosse o último, e sorvia os goles de café com nítida expressão de satisfação. Por sorte, nós havíamos levado o suficiente e ele comeu até se fartar.
No final, amarramos a bicicleta de Francisco em cima da Kombi, entoamos um hino de louvor à Deus e seguimos até Floresta destino dele, nosso caminho.
Na estrada partilhamos da nossa fé, do amor de Deus, da nossa alegria de tê-lo encontrado e de tantas outras amenidades.
Finalmente, chegamos à Floresta, nos despedimos com uma oração rogando ao Pai uma bênção especial sobre a vida daquele sertanejo de Betânia. Talvez nunca mais o vejamos e certamente nunca mais teremos notícias dele. Mas, daquele momento para cá eu trago um questionamento em meu coração: Quantas vezes, pelas estradas da vida, passamos despercebidos deixando Cristo para trás? "Tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber".
Que Deus nos torne mais atentos.
Que Deus nos torne mais atentos.
O Projeto Jesus Pelo Sertão visitou Belém de São Francisco/Alto do Bom Jesus e Floresta (sertão pernambucano)
Esta foi uma daquelas viagem dos sonhos para qualquer missionário. E como é a uma viagem dos sonhos para um missionário?
1 - Tem sentido e este é apontado pelo Pai
2 - Tem unção (Deus permitiu que sentíssemos sua presença. Lembra dos dois discípulos no caminho de Emaús? (Lc 24:13-35) Pois é, o nosso coração ardeu o tempo todo).
3 - No final traz felicidade indescritível e uma sensação de "missão cumprida".
O sertão, bonito como sempre.
Emas em seu habitat natural, um colírio para os olhos do viajante.
O irmão Francisco e sua esposa. Ele tem um sonho: "...uma casinha de tijolos e mais 'arta' (alta)... "a casa é muito 'baxinha'. No verão esquenta que só!" Comentou.
Depois do culto a pose para a foto.
O culto no Alto do Bom Jesus, em frente a casa do irmão Francisco. O sol estava "torrando!".
O sanfoneiro é uma autoridade informal no sertão.
Um "galego ligítimo", de pés no chão. Descendência européia e da miséria.
Para meditação Rm 15:20
Somos gratos a Deus por tudo. Em especial pela orações, hospedagem, contribuições e toda sorte de incentivo que temos recebido da igreja.
Se puder, venha com a gente da próxima vez.
Um abraço,
Marcos - sal da terra