Numa das nossas caminhadas pelo sertão, encontramos com dois antropólogos e uma assistente social, funcionários do governo que, por coincidência, marcaram uma visita no mesmo dia e lugar em que nós estávamos fazendo um PES (Programa de Evangelização do Sertão). A impressão que tivemos é que eles não se sentiram muito confortáveis com a nossa presença, talvez por que, para alguns destes profissionais, os"crentes" atrapalham a sua tarefa de cuidar e de preservar as raízes culturais de um povo. E nós estávamos ali onde, presumidamente, se tratava de uma gente remanescente quilombola, pregando o Evangelho de Jesus que, de fato, muda a história das pessoas... Cachaceiro deixa a cachaça, "cabra brabo" fica manso, família desintegrada se recompõe, e por aí vai...Aqueles doutores que estavam ali, entrevistavam os nativos do lugar, enquanto que nós, no mesmo cenário nos movíamos para lá e para cá cuidando das nossas atividades de cunho evangelístico.Uma das nossas voluntárias, talvez por curiosidade, se aproximou do local da entrevista e ouviu o antropólogo "repórter" perguntar a uma nativa a quem entrevistava:- Você não acha que estas pessoas estão vindo ao sertão ensinar coisas que podem afastar vocês das suas tradições?- Se muda eu não sei - argumentou a entrevistada - Eu só sei lhe dizer é que muita gente já passou por aqui prometendo coisas e nunca fez nada, já os "crentes", nunca prometeram nada e estão fazendo alguma coisa por nós.O entrevistador perdeu o argumento e mudou de assunto.Eu fiquei satisfeito com este fato, pois ele testificou que, pelo menos naquele dia, estávamos agindo de maneira coerente ao Santo Evangelho. Levando amor ao invés de falácia; ajudando ao invés de implicar; cuidando ao invés de jogar conversa fora; promovendo (pela pregação da Palavra) mudança, ao invés de agir na turma do "deixa como está"; dando ao invés de esperar receber; agindo por aqueles aos quais a sociedade dar as costas, cria obstáculos, exclui; Sendo o que Deus espera de nós, mesmo que para isso tenhamos que contrariar alguns.
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